Uma descoberta arqueológica no norte da Polônia trouxe à luz o esqueleto de uma jovem apelidada de “Zosia,” enterrada sob práticas rituais do século XVII que visavam impedir que o corpo se reanimasse, de acordo com o folclore da época. A jovem foi encontrada com uma foice sobre o pescoço e um cadeado no dedo do pé, rituais que, segundo crenças locais, protegiam a comunidade contra “revenants” ou mortos-vivos. Além disso, evidências como a presença de adornos de prata e ouro sugerem que Zosia pertencia a uma família de alto status, possivelmente uma estrangeira de origem escandinava, o que pode ter gerado suspeitas e temores na comunidade.
Para os arqueólogos, o estudo dos restos mortais de Zosia revela tanto detalhes sobre as práticas funerárias quanto sobre as concepções sociais do período, quando a população enfrentava condições adversas, como a Pequena Era do Gelo, guerras e surtos de fome, que poderiam aumentar as crenças em atividades sobrenaturais. A equipe de pesquisadores está conduzindo exames de DNA e isótopos químicos para traçar possíveis ligações entre Zosia e outros enterrados no local, que incluem uma criança em posição peculiar e uma mulher grávida. Estes rituais fúnebres refletem uma tentativa de apaziguar medos profundos e comuns na Europa da época sobre mortos que poderiam retornar para causar infortúnios.
O processo de reconstrução facial foi liderado pelo artista forense Oscar Nilsson, que recriou as feições de Zosia com base em um modelo 3D do seu crânio, possibilitando uma visão mais humanizada da figura histórica. Esta reconstrução, apresentada em documentário, oferece uma oportunidade de devolver a Zosia dignidade e conectá-la novamente ao presente, trazendo também luz às práticas culturais e crenças populares da época em que viveu. Os pesquisadores continuam a investigar as razões que levaram a esses sepultamentos peculiares e esperam divulgar suas descobertas em publicações acadêmicas futuras.