Quitéria Chagas, rainha de bateria da Unidos do Viradouro, compartilhou sua trajetória de mais de duas décadas no Carnaval e sua luta pela valorização da mulher negra. Em uma entrevista, ela relembrou o início de sua carreira no começo dos anos 2000, quando se deparou com a predominância de mulheres brancas nas posições de destaque, como rainhas de bateria. Em sua jornada, Quitéria se engajou na luta contra a objetificação dos corpos negros e a diminuição da presença de mulheres negras nos cartões postais do Carnaval, que até então eram majoritariamente representados por imagens de mulheres brancas.
Além disso, Quitéria destacou sua formação acadêmica em Psicologia, sendo uma das primeiras passistas com diploma universitário, o que lhe deu visibilidade e ajudou a inspirar outras mulheres a buscarem educação formal. Para ela, o cargo de rainha de bateria representava não só um símbolo de status, mas também uma forma de reparação histórica, já que a coroa, em seu entendimento, tinha um peso simbólico importante na luta pela representatividade das mulheres negras no cenário do samba.
A rainha de bateria também refletiu sobre o papel da mídia e da visibilidade na sua trajetória, destacando a importância de manter sua imagem ativa, especialmente com seu icônico penteado afro. Ela acredita que, ao se manter nos holofotes, conseguiu aumentar a conscientização sobre o racismo e o papel das pessoas negras no Carnaval. Para Quitéria, é fundamental que o debate sobre questões raciais e reparação histórica não se limite ao mês da Consciência Negra, mas que seja tratado durante todo o ano, a fim de garantir a visibilidade e o respeito pela cultura e identidade negra no Brasil.