Nos últimos anos, a puberdade tem começado cada vez mais cedo, especialmente entre meninas e filhos únicos. Estudos indicam que as alterações hormonais que marcam essa fase da vida — como o desenvolvimento dos seios nas meninas e o aumento da testosterona nos meninos — ocorrem, em média, quase um ano antes do que acontecia há 50 anos. Fatores como a obesidade, a exposição a toxinas ambientais e mudanças no estilo de vida, como o aumento do tempo em frente a telas durante a pandemia, são apontados como possíveis responsáveis por essa antecipação. Além disso, o estresse psicossocial e a alteração do ritmo circadiano, resultantes de uma rotina mais sedentária, também podem contribuir para o fenômeno.
A obesidade é um dos fatores mais estudados, já que a maior quantidade de gordura corporal está associada ao aumento da leptina, um hormônio que sinaliza ao cérebro o início da puberdade. Outro fator ambiental em investigação são os produtos químicos presentes em itens do cotidiano, como plásticos, pesticidas e até produtos de higiene pessoal, que podem interferir na produção hormonal. Estudos apontam que substâncias como ftalatos e parabenos, comuns em cosméticos, podem contribuir para um início mais precoce da puberdade, especialmente nas meninas. Embora esses efeitos sejam reconhecidos, não há consenso sobre quais substâncias específicas são responsáveis por essas mudanças.
Adicionalmente, a alimentação também desempenha um papel importante no início da puberdade, com alimentos como soja e certos óleos essenciais, como o de lavanda, sendo suspeitos de influenciar a produção hormonal. Estudos indicam que a soja, por conter fitoestrogênios, pode afetar o desenvolvimento hormonal, especialmente quando consumida em grandes quantidades durante a infância. Além disso, pesquisas sugerem que filhos únicos podem começar a puberdade mais cedo do que crianças com irmãos, possivelmente devido à ativação mais precoce da capacidade reprodutiva, já que não há outros membros familiares para transmitir os genes de forma gradual. Esses fatores, combinados com uma maior exposição a substâncias químicas, têm acelerado a chegada da puberdade em muitas crianças ao redor do mundo.