Os protestos de agricultores europeus contra o acordo Mercosul-União Europeia refletem uma disputa mais ampla sobre a competitividade e a sustentabilidade da agricultura no continente. A principal queixa dos produtores europeus é a concorrência desleal que, segundo eles, será exacerbada pela entrada de produtos agropecuários do Mercosul a preços mais baixos. Isso ocorre porque os custos de produção na região são menores, em parte devido a normas ambientais e trabalhistas mais flexíveis. Na União Europeia, por outro lado, as exigências regulatórias são rigorosas, o que eleva os custos para os agricultores locais, especialmente em países com forte tradição agrícola, como França e Polônia.
Além da questão econômica, a preocupação com os impactos ambientais do acordo também tem sido um ponto de crítica. A União Europeia tem intensificado suas políticas climáticas, e organizações ambientais temem que a importação de produtos do Mercosul, onde o desmatamento e o uso intensivo de recursos naturais ainda são problemáticos, enfraqueça os esforços globais para combater a crise climática. A falta de normas ambientais rigorosas para os produtos importados levanta dúvidas sobre a efetividade do tratado em promover uma cadeia de suprimentos sustentável, gerando tensões tanto dentro da União Europeia quanto entre os blocos comerciais.
A resistência de governos e movimentos sociais na Europa tem pressionado por um tratado mais equilibrado, que garanta a proteção dos pequenos produtores e respeite as normas ambientais. Países como França, Irlanda e Áustria têm se posicionado contra o acordo, defendendo a inclusão de cláusulas mais rigorosas que assegurem condições equitativas para todos os envolvidos. O futuro do acordo, e da agricultura sustentável no cenário global, depende da criação de soluções que equilibram crescimento econômico com justiça social e responsabilidade ambiental, evitando a ampliação das desigualdades e das tensões internas e externas aos blocos comerciais.