A proposta de Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 6×1, que visa a substituição da atual jornada de trabalho de 44 horas semanais para 36 horas, tem gerado intensos debates no Brasil. Embora o nome da PEC sugira uma mudança para uma escala de trabalho de seis dias e um de descanso, o projeto na realidade propõe a adoção de uma jornada 4×3, com quatro dias de trabalho e três dias de folga. A alteração pretende garantir a manutenção dos salários atuais, sem redução. A PEC já superou o número mínimo de assinaturas e segue em discussão, embora o texto ainda possa passar por modificações.
O governo tem se mostrado favorável à proposta, embora defenda que o tema seja tratado por meio de negociações coletivas entre empregadores e empregados. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, expressou apoio à redução da jornada, mas enfatizou a necessidade de um debate sereno sobre o impacto da mudança. Por outro lado, representantes de diversas entidades empresariais, como a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), se posicionaram contra a PEC, argumentando que a medida pode acarretar prejuízos para setores que dependem de serviços contínuos, como o comércio e a hospitalidade.
Em termos globais, a ideia de uma semana de trabalho mais curta não é inédita. Países como Bélgica, Islândia e Nova Zelândia já testaram modelos semelhantes de jornada 4×3. Especialistas sugerem que, embora o modelo seja um reflexo das transformações econômicas e sociais, ele também enfrenta resistência devido às mudanças organizacionais que exige das empresas. A proposta, portanto, coloca em evidência a necessidade de reestruturar as práticas de trabalho no Brasil, ao mesmo tempo que gera preocupações sobre a viabilidade de sua implementação em setores com demandas específicas.