Um projeto inovador do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI) está utilizando cordel e poesia para aproximar as comunidades quilombolas do sistema judiciário, facilitando o acesso a informações e direitos. Premiado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o “Trilha de Direitos” busca reduzir distâncias físicas e sociais, oferecendo serviços como emissão de documentos e esclarecimentos sobre direitos fundamentais, com linguagem simples e acessível. A iniciativa reflete a luta por protagonismo e valorização cultural, alinhada às demandas históricas das comunidades quilombolas, que enfrentam desafios como o preconceito e a exclusão de políticas públicas.
Com mais de 230 comunidades quilombolas no estado, apenas 23 possuem territórios oficialmente titulados, o que limita o acesso a benefícios governamentais. Lideranças destacam a importância da titulação para garantir direitos básicos e perpetuar as tradições culturais. A desigualdade histórica, marcada pelo preconceito e pela marginalização, também influencia a preservação da identidade quilombola, sobretudo entre os jovens, que enfrentam dificuldades para se reconhecerem como parte dessas comunidades devido a contextos de discriminação.
Além de fomentar a conscientização, o projeto busca fortalecer a conexão entre as comunidades e o judiciário, promovendo encontros e desenvolvendo materiais educativos, como cartilhas em verso. Para as lideranças locais, iniciativas como essa representam um passo importante para garantir cidadania, inclusão e o reconhecimento dos direitos quilombolas. O projeto também ressalta o papel transformador da arte e da educação como ferramentas de empoderamento e preservação cultural.