O projeto de conservação das araras-azuis em Goiás, iniciado por um fotógrafo e apoiado por ambientalistas e pela comunidade local, tem contribuído para a recuperação da espécie, que estava à beira da extinção. Em duas décadas de trabalho, a população de araras-azuis na região cresceu de menos de 10 casais para cerca de 80. A ação se concentrou na criação de ninhos artificiais feitos com materiais recicláveis, como casca de arroz misturada com cimento e arames velhos. Esses ninhos, inicialmente estranhados pelas aves, se tornaram essenciais para a reprodução das araras, que enfrentam a escassez das árvores nativas, como o xixá, afetadas pelas queimadas.
Além da construção de ninhos artificiais, o projeto também envolve a conscientização da população e das escolas locais. Alunos de escolas municipais são incentivados a plantar mudas de xixás nas fazendas da região, para que as araras possam, no futuro, contar com árvores naturais para a nidificação. As crianças, ao aprender sobre a importância da preservação das aves e do cerrado, também se tornam defensoras ativas da causa, como demonstrado pelo entusiasmo de uma aluna ao ver uma arara-azul pela primeira vez.
O biólogo Tiago Guimarães Junqueira destaca a importância desse trabalho na base da conservação, que envolve tanto a recuperação ambiental quanto a educação das novas gerações. Com o aumento da população de araras-azuis, o projeto mostra que, por meio da união entre ciência, comunidade e ação prática, é possível reverter o impacto de atividades humanas e dar uma nova chance à preservação de espécies ameaçadas de extinção.