As projeções econômicas divulgadas pelo Boletim Focus do Banco Central indicam uma piora contínua na inflação e nos juros. A previsão do IPCA subiu de 4,54% para 4,59%, enquanto a cotação do dólar aumentou de R$5,45 para R$5,50. A escalada na expectativa de inflação, que se deteriora há quase três meses consecutivos, reflete a desancoragem das expectativas inflacionárias. Empresários e trabalhadores se antecipam à possibilidade de maior inflação, reajustando preços no presente, o que contribui para um cenário inflacionário imediato.
A alta do dólar agrava a situação, já que a moeda norte-americana influencia diretamente os custos de produção, com componentes importados e mercadorias cotadas em dólar. Essa deterioração das previsões de câmbio e inflação tem raízes no descontrole das contas públicas, com aumento nos gastos estruturais e um arcabouço fiscal cada vez mais insustentável. O déficit nominal e o endividamento público continuam a crescer, enquanto o governo ainda não detalhou de forma concreta como planeja reduzir as despesas, o que gera maior aversão ao risco no mercado financeiro.
O cenário de incerteza começa a ter impactos reais, com investidores buscando proteção no dólar e demandando prêmios mais altos para financiar o governo. Essa instabilidade pode levar a uma desaceleração econômica, caracterizada por juros mais elevados e perda de poder de compra devido à inflação. A tendência é que o pessimismo do mercado acabe afetando a economia de forma mais ampla, desencadeando consequências políticas, à medida que a confiança se deteriora e os desafios econômicos se intensificam.