A produção de beiju na região de Sapê do Norte, localizada entre os municípios de São Mateus e Conceição da Barra, Espírito Santo, recebeu o Selo de Identificação Geográfica (IG) do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). O reconhecimento confirma a qualidade e a autenticidade do produto feito a partir da mandioca, cultivado e fabricado seguindo práticas tradicionais quilombolas que remontam ao século XIX. O selo é um passo significativo para fortalecer o valor cultural e comercial do beiju, além de promover a economia local, beneficiando cerca de 21 famílias quilombolas da região.
Para obter o selo, todos os processos de produção do beiju, desde o plantio até o preparo final, devem seguir métodos tradicionais e ser realizados na comunidade. Esse rigor é importante para preservar a identidade do produto, que é influenciado por fatores geográficos e saberes populares transmitidos entre gerações. A Associação Sapê do Norte desempenha um papel central no processo de certificação, coordenando as visitas e garantindo que cada etapa seja fiel à cultura local.
O beiju é produzido com a goma e massa de mandioca, passando por várias etapas, incluindo a descascagem, extração de toxinas e a manipulação da massa. Embora antigamente o processo fosse totalmente manual, hoje algumas etapas contam com auxílio de máquinas, garantindo maior eficiência sem perder o caráter artesanal. A conquista do selo representa um marco na valorização da produção quilombola, sendo também um símbolo de resistência e afirmação cultural para as comunidades de Sapê do Norte.