O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, anunciou nesta quarta-feira (27) que pedirá um mandado de prisão para um líder militar de Mianmar, acusado de envolvimento em crimes contra a humanidade. Esses crimes estariam relacionados à perseguição e deportação da minoria rohingya, um grupo étnico muçulmano que foi alvo de uma violenta ofensiva militar em 2017. A ação forçou mais de um milhão de pessoas a fugirem para o Bangladesh, onde vivem em condições precárias até hoje.
A ofensiva militar, que aconteceu no estado de Rakhine, foi classificada pela ONU como uma campanha de “limpeza étnica”, com relatos de tortura, assassinatos em massa e estupros coletivos. As autoridades de Mianmar, por sua vez, negam as acusações, argumentando que suas forças de segurança realizavam operações legítimas contra militantes. O pedido do procurador do TPI é o resultado de investigações independentes sobre os eventos, e um painel de juízes agora decidirá se há base suficiente para emitir o mandado.
A decisão do procurador foi vista como um passo importante para a busca de justiça para os rohingyas. A União Europeia também reforçou a necessidade de respeitar a decisão do TPI, enquanto o procurador indicou que mais pedidos de mandados de prisão relacionados a Mianmar podem surgir. Embora Mianmar não seja membro do TPI, o tribunal tem jurisdição sobre crimes que afetam países membros, como o Bangladesh, onde parte dos crimes ocorreram.