Quase metade da população mundial está em situação de alta vulnerabilidade aos impactos das mudanças climáticas, segundo um novo estudo publicado a poucos dias da próxima conferência da ONU sobre o clima. O relatório aponta que 2024 será o ano mais quente já registrado, com uma temperatura média 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais (1850-1900), limite que havia sido estabelecido pelo Acordo de Paris. Cientistas destacam que, para evitar esse recorde, as temperaturas globais teriam que permanecer abaixo de zero até o final do ano, algo impossível. Esse aumento representa um novo patamar preocupante e sugere que as metas de aquecimento global estão fora de alcance.
De acordo com especialistas do Instituto Copernicus, esses recordes de temperatura devem se tornar frequentes nos próximos anos, com eventos climáticos extremos, como ciclones e enchentes, sendo intensificados pelo aquecimento global. Um exemplo prático ocorreu no Japão, onde a neve no Monte Fuji, prevista para meados de outubro, só chegou no início de novembro, marcando o maior atraso registrado em 130 anos. A elevação das temperaturas faz a atmosfera reter mais vapor d’água, o que intensifica as chuvas extremas, explica o diretor de mudanças climáticas do instituto, Carlo Buontempo.
Estudos do Painel de Mudanças Climáticas da ONU projetam que, sem medidas agressivas, o aquecimento global pode alcançar 2,8ºC até o fim do século. Isso resultaria em aumento do risco de inundações, verões sem gelo no Ártico, elevação do nível do mar, secas severas e a perda dos recifes de coral. Além disso, cada 0,5ºC adicional ameaça a produção agrícola global. Diante desse cenário, os especialistas do Copernicus pedem que o recorde de 2024 sirva de motivação para que a próxima Conferência do Clima, no Azerbaijão, promova ações mais decisivas para mitigar os efeitos do aquecimento global.