A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos trouxe reflexos econômicos para o Brasil, intensificando a pressão sobre o governo Lula para repensar as contas públicas. Há uma crescente preocupação de que a economia brasileira precise ser mais protegida diante das expectativas de inflação e valorização do dólar americano, resultantes de políticas protecionistas nos EUA. Esse cenário externo gera um impulso entre ministros para convencer Lula sobre a necessidade de cortes nas despesas públicas.
No cenário doméstico, a demanda por controle de gastos já vinha sendo um ponto de debate, especialmente com o governo enfrentando dificuldades em garantir a popularidade esperada através da expansão dos gastos sociais. Essa estratégia não se mostrou tão eficaz, o que levanta questionamentos sobre os cálculos políticos por trás das decisões econômicas do governo. A falta de uma resposta sólida nas eleições municipais recentes sugere desafios para as eleições presidenciais de 2026, ampliando as pressões internas por mudanças.
Apesar das evidências e da pressão crescente, Lula ainda se mostra relutante em adotar medidas de contenção de despesas, considerando que a demanda por cortes vem de agentes de mercado que, segundo ele, têm o objetivo de prejudicar sua popularidade. A visão de Lula de que gastos sociais constituem investimentos, e não despesas, permanece, enquanto ele calcula os impactos políticos de adotar ou não tais cortes. No entanto, há uma crescente preocupação sobre os riscos de uma ação tardia ou insuficiente, o que pode comprometer ainda mais a estabilidade econômica do país.