O megaporto de Chancay, no Peru, representa um marco no comércio marítimo da América do Sul, impulsionado por investimentos de US$ 3,4 bilhões da estatal chinesa Cosco Shipping Company. Localizado a cerca de 70 km de Lima, o projeto inclui infraestrutura de ponta, como 15 embarcadouros e um túnel de 2 km para transporte de carga, consolidando a estratégia chinesa de ampliar sua presença global por meio da Nova Rota da Seda. O novo porto promete reduzir em 12 dias o transporte marítimo entre o Peru e a Ásia, otimizando custos e tempo para os operadores logísticos e posicionando o país como um hub estratégico no comércio internacional.
Os impactos da obra vão além da logística. A região de Chancay, tradicionalmente dedicada à pesca artesanal, enfrenta transformações significativas, como a valorização imobiliária e a expectativa de novos empregos, embora haja críticas sobre a real geração de postos de trabalho para a população local. O governo peruano estima que o complexo trará um crescimento de 0,9% no PIB do país já em 2025. Contudo, preocupações sobre a dependência econômica da China, questões ambientais e a integração do porto com as precárias infraestruturas internas do Peru levantam dúvidas sobre os desafios de longo prazo.
Em um contexto regional, o porto de Chancay cria concorrência direta para instalações em países vizinhos, como Chile e Brasil. Enquanto o Chile teme a perda de competitividade de seus portos, especialistas apontam que o novo terminal pode beneficiar exportadores, oferecendo rotas mais rápidas e baratas para mercados asiáticos. Já no Brasil, apesar de potenciais impactos positivos no comércio, a distância das zonas produtivas até o litoral peruano reduz a atratividade econômica em comparação com os portos do Atlântico. O megaporto de Chancay emerge como um catalisador de mudanças no comércio latino-americano, mas suas repercussões completas dependerão de sua integração regional e global.