A construção do megaporto de Chancay, no Peru, representa um marco estratégico na conexão comercial entre América Latina e Ásia. Com investimentos de US$ 3,4 bilhões liderados pela estatal chinesa Cosco Shipping, o porto promete reduzir significativamente o tempo de transporte marítimo para a Ásia, de 40 para 28 dias, graças à sua localização privilegiada e capacidade para receber navios de grande porte. O projeto é parte da Nova Rota da Seda chinesa, visando expandir a presença do país na região, especialmente no setor de exportação de minérios e produtos agrícolas. Estima-se que o complexo impulsione a economia peruana em 1,8% do PIB e crie milhares de empregos, embora críticas apontem para a dependência crescente em relação à China e possíveis impactos ambientais.
A obra já transforma a pequena vila pesqueira de Chancay, provocando aumento nos preços de terrenos e trazendo novas infraestruturas, como um túnel que conecta o porto à rodovia Pan-Americana Norte. O impacto, no entanto, transcende o Peru. No Chile, há preocupação com a perda de competitividade dos portos locais, enquanto exportadores podem se beneficiar de custos reduzidos e acesso mais rápido aos mercados asiáticos. Para o Brasil, o megaporto oferece potencial para ampliar exportações via Pacífico, mas especialistas acreditam que a distância geográfica das regiões produtoras para Chancay ainda favorece os portos atlânticos.
Apesar das expectativas, dúvidas permanecem sobre a integração logística com outras regiões peruanas e o impacto nos serviços públicos locais. O porto de Chancay simboliza um avanço no comércio internacional, mas também desafia a região a equilibrar desenvolvimento econômico com sustentabilidade e soberania. Os desdobramentos do projeto serão decisivos para a consolidação de novas rotas comerciais e a redefinição do papel da América Latina no cenário global.