O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou que a recente eleição norte-americana trouxe uma grande volatilidade aos mercados globais, impactando diretamente a política econômica internacional. Durante evento realizado em São Paulo, ele explicou que, no início de 2024, havia expectativas de um ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, com previsão de até seis reduções ao longo do ano. No entanto, a resiliência da economia americana, evidenciada pelos dados econômicos do primeiro trimestre, fez com que esses cortes fossem adiados, e o Federal Reserve passou a depender mais dos indicadores econômicos para tomar decisões.
Galípolo também ressaltou que, ao se aproximar a eleição presidencial dos EUA, surgiram novas incertezas sobre o ritmo e a profundidade dos cortes de juros. A questão de quando o Fed começaria a reduzir suas taxas, qual seria a taxa terminal e como a eleição impactaria esse processo gerou um ambiente de especulação, dificultando previsões claras sobre a política monetária americana. Esse cenário criou uma sobreposição de expectativas no mercado, trazendo uma maior complexidade para os planos de política monetária global.
O diretor enfatizou que a possibilidade de um alívio nas taxas de juros internacionais, que inicialmente parecia iminente, foi se dissipando à medida que as incertezas políticas e econômicas aumentaram. Para Galípolo, o cenário global se tornou mais desafiador para países emergentes, como o Brasil, exigindo uma postura mais cautelosa por parte das autoridades monetárias. A situação atual exige maior vigilância diante da volatilidade externa, o que coloca o Brasil em um quadro mais difícil do que se imaginava no início do ano.