A morte de um delator envolvido com o Primeiro Comando da Capital (PCC) levantou uma série de questões sobre o uso de policiais militares em serviços de segurança privada, prática ilegal, mas comum no Brasil. O caso revelou que a segurança pessoal do delator estava sendo realizada por policiais militares da ativa, o que contraria o Regulamento Disciplinar da corporação, que proíbe atividades paralelas como essa. A pesquisa de vitimização e a análise de especialistas indicam que muitos policiais, devido à baixa remuneração, recorrem a bicos ilegais, afetando a qualidade da segurança pública e gerando um conflito de interesses.
O envolvimento de policiais em atividades ilegais de segurança privada, muitas vezes organizadas por oficiais da própria corporação, compromete o funcionamento interno da polícia, pois exige ajustes nas escalas de trabalho e cria uma rede de favorecimento. Além disso, a prática abre portas para a corrupção, já que empresas de segurança privada muitas vezes têm proprietários ou sócios ligados a forças de segurança pública. O cientista político André Zanetic e o conselheiro Roberto Uchôa apontam que, para combater essa realidade, seria necessário não apenas proibir o bico, mas também impedir que membros das forças de segurança tenham vínculos com empresas privadas de segurança.
O caso do delator executado no Aeroporto Internacional de São Paulo também trouxe à tona a falha na escolta policial, com investigações apontando que os PMs podem ter falhado de forma proposital, permitindo o assassinato. O incidente reacendeu críticas sobre a falta de controle sobre os policiais que exercem atividades paralelas e reforçou a necessidade de políticas públicas mais eficazes para combater essas práticas. Além disso, o ocorrido destaca os desafios na gestão de uma força policial que enfrenta uma situação econômica difícil, agravando a falta de estrutura e comprometendo a confiança da população na segurança pública.