A Polícia Federal revelou em seu relatório da Operação Contragolpe que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria conhecimento e dado anuência a uma carta com teor golpista elaborada por oficiais do Exército. O objetivo da carta era incitar os militares e pressionar o Comando do Exército a apoiar uma ruptura institucional, visando a perpetuação de Bolsonaro no poder, sem a oposição dos demais poderes do Estado. A investigação apontou diálogos entre militares de alto escalão, incluindo um ex-ajudante de ordens do ex-presidente, discutindo detalhes da carta e estratégias para sua divulgação.
A carta foi divulgada nos quartéis sob o título “Carta dos oficiais superiores ao comandante do Exército brasileiro”, e buscava mobilizar as Forças Armadas para apoiar o golpe e neutralizar opositores, especialmente o ministro Alexandre de Moraes. Em uma reunião realizada em novembro de 2022, oficiais superiores definiram as ações necessárias para fortalecer a relação entre Bolsonaro e os comandantes militares, a fim de garantir o sucesso da tentativa de subversão do Estado Democrático de Direito. A investigação identificou 36 pessoas envolvidas no esquema, incluindo oficiais de alta patente.
Após a conclusão do inquérito, a Polícia Federal indicou que os envolvidos buscavam pressionar líderes militares regionais e fortalecer a campanha pela adesão de outros setores das Forças Armadas ao movimento golpista. No entanto, alguns oficiais citados na carta não foram punidos, após fornecerem explicações consideradas satisfatórias. A investigação continua em andamento, com os autos enviados à Procuradoria-Geral da República para avaliar a continuidade do processo.