A Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Contragolpe para investigar um caso envolvendo a utilização indevida de documentos para aquisição de linhas telefônicas usadas em ações relacionadas a um suposto golpe de Estado. Segundo os investigadores, um oficial de alta patente usou dados de terceiros, sem vínculo com ele, para habilitar linhas que foram utilizadas em comunicações com outros envolvidos no planejamento de um golpe no final de 2022. A fraude revela o uso de uma técnica militar conhecida como anonimização, voltada para dificultar a identificação dos usuários reais das linhas telefônicas.
A operação tem como base informações extraídas de um celular apreendido no início de 2023, durante a Operação Tempus Veritatis. As investigações indicam que, por meio de um desses números, os envolvidos monitoraram o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e discutiram a formação de um movimento para impedir a posse do presidente eleito. No decorrer das investigações, documentos de um engenheiro mecânico foram utilizados sem autorização, permitindo que uma linha telefônica fosse habilitada para o planejamento do golpe. O engenheiro, ao tomar conhecimento dos fatos, afirmou que foi vítima do uso indevido de seus dados e expressou surpresa com as revelações.
Além da fraude com os documentos do engenheiro, os investigadores descobriram que o oficial também havia utilizado dados de outra pessoa para adquirir uma linha telefônica em 2022. Com base nos registros de telefonia, foi possível rastrear a utilização de um aparelho celular em várias operações durante o período em questão. As evidências reunidas pela PF indicam que a fraude foi uma estratégia para dificultar a rastreabilidade das comunicações, especialmente durante o planejamento de atividades ilegais, o que agrava ainda mais os indícios de envolvimento em tentativas de subversão do processo democrático.