A Polícia Federal divulgou, nesta terça-feira (26), um relatório que detalha reuniões entre autoridades de alto escalão que discutiram planos para contestar o resultado das eleições de 2022 e reverter o processo eleitoral. As investigações indicam que, após o segundo turno das eleições, um grupo de ministros e comandantes militares participou de encontros no Palácio do Alvorada e em outros locais, onde foram apresentadas minutas de decretos que visavam declarar o Estado de Defesa e o Estado de Sítio, com o objetivo de questionar a legalidade do pleito.
Em um dos encontros, realizado em 7 de dezembro de 2022, foi discutido um projeto de decreto que permitiria a criação de uma Comissão de Regularidade Eleitoral, a ser encarregada de apurar possíveis irregularidades nas eleições, embora tais irregularidades não tenham sido comprovadas. De acordo com depoimentos de oficiais, muitos membros do alto comando militar, como o general Freire Gomes, se opuseram às propostas, afirmando que o Exército não apoiaria tais medidas, devido à falta de respaldo jurídico e institucional. Outros participantes, como o almirante Garnier, se mostraram mais favoráveis às ideias propostas.
Além disso, o relatório inclui a apreensão de um documento com uma versão do decreto que indicava a aplicação do Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O conteúdo da minuta revelaria uma tentativa de preservar a eleição de 2022 e questionar sua legitimidade. A investigação também aponta que a resistência de figuras chave das Forças Armadas foi crucial para impedir a implementação dos planos, destacando a falta de apoio institucional para a concretização do golpe. As reuniões e documentos apreendidos ilustram o grau de articulação para contestar o processo eleitoral, mas também mostram os limites impostos por setores militares que não aceitaram as pressões.