O relatório da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 revela um plano meticulosamente estruturado para implementar uma ruptura democrática no Brasil. O documento descreve três linhas de operação principais: eleições limpas, legalidade e controle da comunicação. A estratégia incluía a fabricação de provas falsas de fraude eleitoral e a manipulação do processo eleitoral para justificar a ação golpista, com o apoio de uma parte da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República. A intenção era também convocar novas eleições sob um regime que buscaria legitimar o golpe.
A PF identificou que os envolvidos no plano não apenas imaginavam que seriam capazes de ganhar reconhecimento internacional para o novo regime, mas também contavam com o apoio de figuras chave do Congresso. A ideia era que o golpe fosse mascarado por uma fachada de legalidade, através da aceitação de denúncias e a abertura de inquéritos sobre a suposta fraude eleitoral. Além disso, os golpistas planejaram ações informacionais para convencer tanto a população quanto a comunidade internacional de que a defesa da democracia era, na verdade, uma ameaça à ordem estabelecida.
O ex-presidente Jair Bolsonaro é central no relatório, sendo citado em diversas partes do documento, que detalha sua suposta liderança na articulação do plano. Além dele, 36 outras pessoas foram indiciadas pela PF, e o caso foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República para avaliação sobre possíveis acusações. O relatório expõe a amplitude do movimento golpista, revelando não apenas as intenções de ruptura, mas também as estratégias complexas que envolviam vários setores do governo e da sociedade.