A Polícia Federal (PF) divulgou um relatório detalhando uma série de reuniões entre autoridades do governo e militares que discutiram ações para questionar o resultado das eleições presidenciais de 2022. Segundo o documento, o ex-presidente e seus aliados mais próximos, incluindo ministros e comandantes militares, apresentaram um plano que visava declarar o Estado de Defesa e criar comissões para investigar a legalidade do processo eleitoral, apesar da ausência de evidências que sustentassem alegações de irregularidades.
Em reuniões realizadas entre 7 e 14 de dezembro de 2022, propostas de decretos autoritários foram discutidas. Um dos documentos revisados sugeria o uso de medidas excepcionais, como o Estado de Defesa, para reverter o resultado eleitoral. No entanto, muitos dos presentes nas reuniões, como alguns membros do alto comando militar, se opuseram à ideia, alegando que não havia respaldo jurídico para tais ações, o que acabou frustrando o plano. O general Freire Gomes, por exemplo, reiterou que o Exército não participaria de uma intervenção que visasse alterar o processo eleitoral.
A investigação também revelou a apreensão de uma minuta de decreto no apartamento do ex-ministro da Justiça, que continha detalhes sobre como o Estado de Defesa seria aplicado, com o objetivo de garantir a “lisura” das eleições. De acordo com a PF, esse documento demonstrava a intenção de anular os resultados das urnas e manter o então presidente no poder, ainda que sem o respaldo institucional necessário. Apesar das pressões internas, a maioria dos comandantes militares se manteve firme em sua posição de não ceder às tentativas de intervenção no processo democrático.