A Polícia Federal concluiu, com base em um inquérito detalhado, que o ex-presidente de fato teve papel central na tentativa de golpe de Estado orquestrada no final de seu mandato. O relatório aponta que, desde 2019, a disseminação de uma narrativa falsa sobre fraudes nas urnas eleitorais foi parte de um plano elaborado para justificar um golpe, caso houvesse derrota nas eleições de 2022. A investigação indica que a ação foi coordenada por um grupo próximo ao ex-presidente, que teria planejado e executado uma série de ações ilegais para impedir a posse do governo eleito, com a criação de decretos e ações militares para instaurar um estado de exceção.
De acordo com os documentos da Polícia Federal, o ex-presidente participou ativamente da elaboração de um decreto que visava interromper a posse do governo eleito, inclusive ajustando pessoalmente o texto em dezembro de 2022. O planejamento do golpe envolveu a criação de uma narrativa falsa sobre a eleição, além de tentativas de mobilizar as Forças Armadas para apoiar a ruptura institucional. Embora parte dos comandantes militares tenha se oposto ao plano, o comandante da Marinha foi favorável à continuidade da trama, o que reforça a ideia de uma rede organizada por membros do governo anterior para tentar impedir a transição de poder.
Além disso, a investigação trouxe à tona elementos que sugerem que o ex-presidente tinha pleno conhecimento das ações clandestinas planejadas, incluindo um plano para eliminar figuras políticas adversárias e judicialmente influentes. As evidências, que incluem registros de reuniões e trocas de mensagens, indicam que as ações eram monitoradas de perto e alinhadas com a figura central do ex-presidente, configurando um esquema de articulação para a instalação de um golpe. A tentativa de golpe, no entanto, não foi consumada, em grande parte devido à resistência de alguns setores das Forças Armadas e à falta de apoio popular para a ação.