A Polícia Federal concluiu sua investigação sobre a tentativa de golpe de Estado desencadeada após a derrota eleitoral de 2022, destacando a resistência dos comandantes das Forças Armadas como um fator crucial para o fracasso do plano. De acordo com o relatório, apesar das pressões de aliados políticos, figuras chave como os comandantes do Exército e da Aeronáutica se mantiveram fiéis aos princípios democráticos, impedindo a consumação do golpe. A investigação revelou que o objetivo dos envolvidos era desestabilizar o Estado Democrático de Direito e garantir a permanência de Bolsonaro no poder, com ações que incluíam disseminação de desinformação e incitação de militares.
O relatório descreve uma organização criminosa que atuou em várias frentes, incluindo ataques ao sistema eleitoral e tentativas de aliciar militares a aderirem ao golpe. Entre os principais objetivos estava a neutralização de figuras consideradas resistência ao plano golpista, como o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com a PF, o plano envolvia ações clandestinas que visavam a prisão ou até execução de líderes do governo eleito. Embora o golpe tenha sido arquitetado, a falta de apoio de setores estratégicos das Forças Armadas impediu sua concretização, com o próprio decreto golpista preparado por Bolsonaro não sendo assinado.
A PF também documentou ações de intimidação e ataques direcionados a comandantes das Forças Armadas que se opuseram ao golpe, com ordens de disseminação de notícias falsas e difamação de oficiais leais à Constituição. As investigações identificaram a atuação de vários núcleos organizados, incluindo o uso de inteligência paralela e apoio a ações golpistas. A Procuradoria-Geral da República agora analisará o caso, decidindo sobre eventuais acusações formais, enquanto a Polícia Federal mantém as evidências de que o golpe não se consumou devido à resistência institucional dentro das Forças Armadas.