O relatório final da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado de 2022 revela que um grupo de militares discutiu diversas versões de uma carta para pressionar o comando do Exército a apoiar a manutenção do então presidente no poder. As versões iniciais da carta criticavam duramente o Judiciário e o Legislativo, acusando-os de abusos e de conivência com atos autoritários. O documento final, datado de 28 de novembro de 2022, ameaçava a segurança do Estado Democrático de Direito e defendia a luta para restabelecer a ordem no país, em meio a alegações de fraude eleitoral e instabilidade política.
Além da carta, a investigação indicou que um plano mais amplo foi desenvolvido por militares das Forças Especiais, com o objetivo de pressionar os comandantes a se juntarem ao golpe, e inclusive eliminar figuras-chave como ministros do Supremo Tribunal Federal. O plano, segundo a PF, incluía também ações contra os chefes militares que resistiam ao movimento. A Polícia Federal identificou reuniões secretas para articular o apoio dos militares e evidenciou o descontentamento com a postura do Alto Comando do Exército, que se opôs à interferência militar nas eleições de 2022.
O relatório também revela a influência de algumas lideranças militares nas tentativas de subverter o processo eleitoral e de provocar um impasse institucional. Ao longo da investigação, a PF encontrou mensagens que detalhavam uma crescente radicalização entre os envolvidos, assim como críticas à postura dos líderes do Exército e da Aeronáutica. A documentação indica que o apoio a um golpe foi planejado, mas não concretizado, devido à falta de consenso entre os militares e a resistência de outros setores da instituição.