Uma denúncia anônima levou a Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro a investigar um esquema de recebimento de propinas por policiais militares, que foi documentado por câmeras corporais. A prática, apelidada de “tour da propina,” consistia em visitas regulares de policiais a comerciantes na Baixada Fluminense, onde valores em dinheiro ou bens eram exigidos como propina. Apesar do monitoramento das câmeras, os agentes acreditavam que poderiam agir sem serem descobertos, recorrendo a estratégias para tentar evitar a gravação de suas atividades, como cobrir as câmeras ou deixá-las dentro das viaturas.
A investigação revelou que os policiais deixavam de atender chamados de ocorrências para se dedicarem ao recolhimento das propinas, uma prática que perdurou por seis meses e envolveu pelo menos 54 comerciantes, incluindo mercados, padarias e bancas de alimentos. Com base nas imagens registradas, a Justiça determinou a prisão de 22 policiais militares envolvidos no esquema, que atuavam em diferentes batalhões na Baixada Fluminense e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. As autoridades consideraram a conduta dos agentes inaceitável, ressaltando a gravidade de funcionários públicos usarem recursos do Estado para práticas ilícitas em serviço.
O Ministério Público e a Polícia Militar reafirmaram o compromisso com a integridade e o combate à corrupção dentro da corporação. O comandante da Polícia Militar do Rio destacou que o caso serve como exemplo para reforçar que policiais que se envolvem em práticas ilegais não ficarão impunes. As investigações continuarão, com o objetivo de apurar possíveis responsabilidades de superiores hierárquicos e assegurar que a conduta dos demais membros da corporação seja pautada pela ética e pelo respeito à população.