Uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e pela Consulting do Brasil revela dados alarmantes sobre a violência doméstica e o feminicídio no Brasil. De acordo com o levantamento, 21% das mulheres já foram ameaçadas de morte por seus parceiros atuais ou ex-parceiros, e 60% delas conhecem alguém que tenha vivenciado essa situação. As mulheres negras são as mais afetadas por essas ameaças, e seis em cada dez delas decidiram romper com o agressor após a intimidação. No entanto, apenas uma pequena parcela, cerca de 30%, denunciou o caso à polícia, e 17% pediu medida protetiva. A pesquisa também destaca que muitas mulheres não percebem a ameaça como um risco real, com 42% das participantes acreditando que os agressores não colocariam suas ameaças em prática.
O estudo ainda revela uma percepção generalizada entre as mulheres de que o sistema de justiça não é eficaz no combate à violência contra a mulher. Cerca de 80% das participantes consideram que a rede de atendimento às vítimas de violência não atende à demanda, e uma proporção similar acredita que a polícia e a justiça não tratam as denúncias com a seriedade necessária. Além disso, 90% das mulheres ouvidas acreditam que o número de feminicídios aumentou nos últimos cinco anos, o que é visto como uma consequência direta da impunidade dos agressores.
A pesquisa também explora a experiência de mulheres que enfrentaram violências extremas em suas relações. Um dos relatos destacados é o de Zilma, que perdeu uma sobrinha vítima de feminicídio e também sofreu abusos por parte de um ex-companheiro. Zilma compartilha sua jornada de resistência, destacando o ciclo de violência, a manipulação psicológica e a luta para superar a violência doméstica, um tema recorrente entre as vítimas. A pesquisa evidencia que, embora as mulheres tenham acesso a algumas redes de apoio, o medo e a desconfiança no sistema jurídico dificultam a busca por justiça e proteção.