Uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e pela Consulting do Brasil revelou que 21% das mulheres no Brasil já foram ameaçadas de morte por seus parceiros, atuais ou ex, sendo que as mulheres negras (pretas e pardas) são as mais afetadas por essa violência. O estudo também mostrou que seis em cada dez mulheres ameaçadas decidiram romper o relacionamento após as ameaças, com maior prevalência entre as vítimas negras. Além disso, a pesquisa apontou uma grande desconfiança da população feminina em relação ao sistema de justiça, com 60% das mulheres acreditando que os agressores não são punidos adequadamente, o que contribui para o aumento dos casos de feminicídio.
O levantamento, realizado com 1.353 mulheres, também revelou que, apesar de a maioria (80%) reconhecer a importância das campanhas de estímulo à denúncia e das redes sociais como ferramentas no combate à violência, muitas mulheres ainda não procuram ajuda devido ao medo de retaliações. Somente 30% das vítimas de ameaças procuraram a polícia, e uma porcentagem ainda menor, 17%, solicitou medidas protetivas. A pesquisa também destaca que, para muitas mulheres, a sensação de impunidade em relação aos agressores contribui para a escalada da violência, culminando no feminicídio.
O estudo foi complementado com relatos de mulheres que vivenciaram violência doméstica, como o caso de Zilma Dias, que perdeu uma sobrinha vítima de feminicídio e que própria sofreu agressões constantes em um relacionamento abusivo. Zilma compartilha como a violência psicológica e física, acompanhada de pedidos de perdão e promessas de mudança por parte dos agressores, cria um ciclo difícil de quebrar. Ela também relata como, mesmo após romper com o agressor, continuou a enfrentar desafios e traumas, refletindo a realidade de muitas mulheres no Brasil, que ainda encontram dificuldades em buscar ajuda e romper o ciclo de violência.