Um estudo realizado pela PUC Minas entrevistou 360 profissionais do sexo que atuam na Rua Guaicurus, uma área central de Belo Horizonte, com o objetivo de mapear o perfil e as demandas dessas trabalhadoras. A pesquisa revelou que há cerca de 4.000 mulheres cis e trans que trabalham em 24 hotéis da região. A análise busca fornecer informações para a formulação de políticas públicas voltadas à saúde, direitos jurídicos e assistência social, com o intuito de melhorar as condições de trabalho e de vida dessas profissionais.
A coordenadora da pesquisa, Márcia Mansur, destacou a importância de reconhecer o trabalho sexual como uma atividade legítima e de garantir direitos a essas mulheres, como acesso à saúde e à educação, além de benefícios como aposentadoria e moradia. A pesquisa também revela que quase 70% das entrevistadas apoiam a regulamentação do trabalho sexual, como uma forma de garantir mais direitos e segurança. A representante do Clã das Lobas, Jade, reforçou a necessidade de tratar a prostituição como uma profissão como qualquer outra.
O estudo também expôs a realidade de discriminação e violência enfrentada por essas mulheres. Cerca de 74% das participantes relataram já terem sofrido algum tipo de agressão ou preconceito, o que contribui para um ambiente de marginalização e vulnerabilidade social. Entre os desafios mais mencionados estão a solidão, a insalubridade e a falta de direitos trabalhistas. A pesquisa sugere que a regularização do trabalho sexual poderia melhorar significativamente a proteção e a qualidade de vida dessas profissionais, historicamente estigmatizadas na sociedade.