Um estudo realizado no Hospital Universitário de Brasília (HUB) com 30 pacientes diagnosticados com autismo moderado e grave indicou que o tratamento com canabidiol, substância derivada da planta Cannabis sativa, trouxe melhorias significativas para 70% dos participantes. Entre os principais avanços relatados estão o aumento das habilidades comunicativas, melhora na atenção e no contato visual, além de uma redução na agressividade e irritabilidade dos pacientes. Esse tratamento foi acompanhado no âmbito do 19º Congresso Brasileiro de Neurologia Infantil.
A pesquisa, conduzida sob a liderança da neurologista Jeanne Alves de Souza Mazza, incluiu a administração do medicamento Nabix 10000, um fitoterápico desenvolvido pela empresa farmacêutica norte-americana FarmaUSA. Esse medicamento, disponível apenas via importação no Brasil e regulamentado pela Anvisa, foi associado à redução do uso de outros medicamentos convencionais em 74% dos pacientes. Jeanne explica que o canabidiol foi administrado junto a alimentos para otimizar a absorção, e o acompanhamento médico foi essencial para monitorar o efeito do tratamento ao longo dos seis meses de duração.
A substância canabidiol (CBD) tem sido reconhecida por seus benefícios terapêuticos em diversas condições, como epilepsia e Alzheimer, sendo comercializada no Brasil em formas como óleos, pomadas e cápsulas. Desde 2015, a Anvisa autoriza a importação de produtos à base de cannabis para uso medicinal, ampliando a permissão para venda em farmácias a partir de 2019. Este estudo reforça o potencial do CBD como alternativa de tratamento em casos específicos de autismo moderado e grave, em que os pacientes não responderam satisfatoriamente a outras abordagens.