A eleição presidencial americana de 2024 apresenta um paradoxo: apesar dos indicadores econômicos positivos, como a desaceleração da inflação, baixos níveis de desemprego e a recuperação dos mercados financeiros, a percepção do público em relação à economia ainda é majoritariamente negativa. Especialistas explicam que, mesmo com a inflação desacelerando para 2,4% em setembro, o impacto no bolso do eleitor médio ainda é sentido, pois os preços permanecem elevados, afetando a sensação de bem-estar econômico. O aumento do custo de vida, incluindo a crise de moradia em cidades como Las Vegas, onde os aluguéis subiram significativamente mais do que os salários, agrava a percepção de que a qualidade de vida não melhorou.
Além disso, o custo crescente da educação e o acesso limitado a serviços essenciais, como saúde, aumentaram o pessimismo em relação ao “sonho americano”. O sentimento de que o esforço individual não garante mais o mesmo nível de prosperidade de décadas passadas é explorado por candidatos como Donald Trump, que promete restaurar o passado idealizado. Kamala Harris e sua proposta de controle de preços ilustram as tentativas democratas de conter a insatisfação, mas muitos eleitores continuam preocupados com a perda de poder de compra e as desigualdades que se aprofundaram nas últimas décadas, enfraquecendo a tradicional ligação entre crescimento econômico e aumento de bem-estar.
O cenário político reflete a profunda polarização dos últimos anos, com a avaliação da economia dividida conforme a filiação partidária: democratas tendem a ser mais otimistas, enquanto republicanos demonstram maior pessimismo. Essa divisão acentua o descontentamento geral, com a economia emergindo como a questão central que definirá os votos nos estados-pêndulo decisivos. Especialistas apontam que o zeitgeist eleitoral é dominado pelo aumento do custo de vida, superando outras preocupações como saúde, segurança e mudanças climáticas, revelando a complexidade por trás do comportamento do eleitorado americano.