Na Nova Zelândia, um protesto no Parlamento desta semana chamou a atenção ao interromper uma sessão, quando a congressista Hana-Rawhiti Maipi-Clarke concluiu seu discurso com a dança tradicional maori, o haka, como forma de oposição a um projeto de lei que poderia reduzir os direitos da população indígena do país. O gesto sublinhou a importância do haka, uma coreografia que, embora popularmente associada a confrontos, é usada na cultura maori em uma variedade de cerimônias, de bem-vindas a velórios e casamentos.
O haka, uma dança profundamente ligada à identidade cultural maori, foi tradicionalmente empregada tanto para saudar outras tribos como para incitar guerreiros antes das batalhas. O movimento expressivo da dança, que pode incluir gestos como o tremor das mãos, carrega significados ligados à mitologia e aos relatos históricos dos maori. A forma mais conhecida do haka, Ka Mate, foi popularizada internacionalmente pelo time de rugby da Nova Zelândia, os All Blacks, e tem sido usada para intensificar o espírito de equipe e intimidar adversários antes das partidas.
Embora sua origem esteja em rituais de guerra e acolhimento, o haka também se tornou um símbolo de resistência e afirmação cultural. Recentemente, a dança foi escolhida como um meio de protesto político, como evidenciado pelo ato dos parlamentares maori. O projeto de lei em questão propõe uma reinterpretação do Tratado de Waitangi, assinado em 1840, que estabeleceu uma relação entre os maori e a Coroa Britânica, e é visto por muitos como um pilar dos direitos e da soberania indígena na Nova Zelândia. O uso do haka nesse contexto reafirma seu papel como uma poderosa ferramenta de expressão e resistência dentro da cultura maori.