O governo do Pará anunciou um modelo inédito de concessão para a restauração florestal da Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, com remuneração por meio de créditos de carbono. O edital, lançado durante a COP 29 no Azerbaijão, prevê a recuperação de 10,3 mil hectares na região de Altamira, no sudoeste do Pará, que é uma das mais afetadas pelo desmatamento. A concessão será válida por até 40 anos, com o vencedor do edital investindo aproximadamente R$ 258 milhões na restauração, e a geração de uma receita estimada de quase R$ 869 milhões ao longo do período.
A concessão permitirá ao vencedor utilizar ativos ambientais da área, como os créditos de carbono gerados pela regeneração da vegetação nativa, com uma meta de sequestrar 3,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Além dos investimentos em restauração florestal, o projeto inclui contrapartidas para a comunidade local, como a geração de mais de 2.000 empregos diretos e indiretos, e ações de capacitação e apoio às cadeias produtivas agroflorestais. A contrapartida do Estado inclui autorizar o uso da área por 40 anos e investir em infraestrutura e segurança.
No entanto, ambientalistas alertam sobre a necessidade de estudos aprofundados sobre a biodiversidade da região e a escuta das comunidades impactadas. Embora o governo tenha planejado a concessão através de leilões, questões sobre a proteção da biodiversidade e os impactos sociais ainda precisam ser melhor discutidas. O projeto é o primeiro da Amazônia a ser concedido especificamente para restauração florestal com base no mercado de créditos de carbono.