O anúncio do pacote de corte de gastos do governo federal, que visa economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, suscitou reações divididas entre analistas e economistas. A medida foi bem recebida pelo mercado, mas recebeu críticas em relação à isenção de Imposto de Renda para trabalhadores com salários de até R$ 5 mil, uma promessa de campanha do presidente. Essa renúncia fiscal tem gerado preocupações sobre os impactos no cumprimento das metas fiscais e na redução da dívida pública em relação ao PIB, uma vez que o governo pode enfrentar dificuldades em atingir os objetivos fiscais de médio e longo prazo, especialmente com o déficit projetado para 2025.
Alguns especialistas destacam que o corte de gastos anunciado pode não ser suficiente para alcançar o superávit primário necessário para a sustentabilidade da dívida pública. O governo propôs aumentar a taxação sobre os rendimentos mais altos como uma compensação à isenção do Imposto de Renda, mas a falta de detalhes sobre a efetividade dessa medida gera incertezas. Economistas alertam que, sem ajustes adicionais, a política fiscal pode não ser capaz de garantir a saúde das contas públicas no futuro próximo.
Apesar das críticas, há quem veja o pacote como uma tentativa de equilibrar o ajuste fiscal com uma agenda de justiça social, focando na tributação de salários mais altos e na redução de supersalários no setor público. No entanto, o impacto imediato nas finanças do país permanece incerto, especialmente devido ao receio de que a renúncia fiscal se prolongue. O anúncio teve ainda um reflexo negativo nos mercados, com o dólar atingindo o maior valor de fechamento histórico e a bolsa de valores registrando queda.