A pandemia de Covid-19 deixou um legado sombrio para milhões de pessoas que continuam a enfrentar os sintomas persistentes da doença, conhecidos como Covid longa. Entre esses sintomas estão fadiga extrema, dificuldade de concentração, dor nas articulações e falta de ar. Embora a doença tenha sido inicialmente vista como uma fase passageira, estudos recentes indicam que a chance de recuperação total diminui com o tempo. Para pacientes que sofrem com esses sintomas por mais de dois anos, as perspectivas de recuperação são muito baixas, segundo especialistas, que sugerem que a Covid longa seja entendida como uma condição crônica, semelhante à encefalomielite miálgica ou fibromialgia.
Pesquisas realizadas no Reino Unido e nos Estados Unidos mostram que a recuperação é mais provável nos primeiros seis meses após a infecção, especialmente para quem teve sintomas leves inicialmente ou estava vacinado. No entanto, para aqueles com sintomas que persistem por mais de seis meses, as chances de recuperação se reduzem consideravelmente. Em uma análise do Office for National Statistics, aproximadamente 30% das pessoas que relataram sintomas de Covid longa após três meses continuaram a experienciá-los por pelo menos três anos. Globalmente, estima-se que entre 65 milhões e 200 milhões de pessoas sejam afetadas, com muitas enfrentando deficiência de longo prazo.
Apesar dos avanços nas pesquisas sobre o tratamento e as causas da Covid longa, a atenção e o financiamento para esses estudos estão diminuindo em vários países. Especialistas alertam que é necessário tratar a Covid longa como uma doença crônica, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, ao invés de buscar uma cura definitiva. A doença exige um enfoque contínuo em reabilitação e gestão dos sintomas, mas o apoio financeiro e político tem sido insuficiente, especialmente em países com menos recursos.