A rigidez do orçamento público brasileiro tem sido tema central nas discussões econômicas e políticas recentes, evidenciando a necessidade de reformar as regras de gastos governamentais para ampliar a capacidade de investimento. Atualmente, cerca de 91% das despesas são obrigatórias, como aquelas voltadas para saúde, educação e benefícios sociais, deixando pouco espaço para gastos discricionários. Esse cenário dificulta a capacidade de o governo direcionar recursos para investimentos, restringindo sua margem de atuação em áreas estratégicas.
O crescimento das emendas parlamentares no orçamento discricionário é outro fator que aumenta a inflexibilidade orçamentária. Entre 2020 e 2024, a participação das despesas com essas emendas subiu de 11,1% para 16,8% do total das despesas discricionárias. Essas emendas, embora frequentemente associadas a projetos locais de alto impacto, como construção de postos de saúde e creches, estão sujeitas a questões de governança e obrigatoriedade que, segundo especialistas, comprometem uma alocação mais eficiente dos recursos.
O debate sobre a revisão das emendas parlamentares sugere a necessidade de estabelecer boas práticas e maior governança para que essas sejam ferramentas de fortalecimento das políticas públicas, alinhadas ao desenvolvimento regional e nacional. Há um consenso de que, com regras mais claras, essas emendas podem contribuir positivamente para o aumento da produtividade e da eficiência dos investimentos públicos, desde que implementadas com critérios de qualidade e transparência.