A utilização de criptomoedas tem crescido no Brasil e no mundo, atraindo não apenas investidores legítimos, mas também grupos criminosos que buscam ocultar transações ilegais, como tráfico de drogas, armas e financiamento de terrorismo. Em 2023, um estudo internacional revelou que cerca de US$ 24,2 bilhões (R$ 140 bilhões) foram movimentados para fins ilícitos através de criptoativos, destacando a facilidade de ocultar a origem dos recursos em um sistema digital com pouca regulamentação. No Brasil, o mercado de criptomoedas cresceu exponencialmente, com movimentações que passaram de R$ 94 bilhões em 2020 para R$ 363 bilhões no ano seguinte, despertando preocupações nas autoridades sobre o aumento de crimes financeiros.
Criminosos têm contratado operadores especializados, conhecidos como “novos doleiros”, para realizar transações de lavagem de dinheiro utilizando criptomoedas. Diferente dos métodos tradicionais, que envolviam o uso de doleiros para converter grandes quantias em dólares e transferi-los para o exterior, as criptomoedas permitem movimentações globais rápidas e difíceis de rastrear. Embora a tecnologia blockchain seja publicamente acessível e imutável, facilitando investigações, o caráter descentralizado das criptomoedas complica o trabalho das autoridades, que enfrentam dificuldades em rastrear essas operações sem a cooperação de plataformas especializadas.
A regulamentação das criptomoedas no Brasil tem avançado, com o Marco Legal dos Criptoativos sancionado em 2022 e projetos de lei em andamento para aprimorar a fiscalização. No entanto, o mercado ainda carece de normas claras, e muitos crimes continuam sendo cometidos através de transações digitais não monitoradas adequadamente. A Polícia Federal tem investigado esquemas de lavagem de dinheiro, como a Operação Colossus, e também casos envolvendo facções criminosas que utilizam criptomoedas para esconder e movimentar recursos ilícitos, colocando em evidência a necessidade de uma maior transparência e fiscalização nesse setor.