A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia está no centro de uma investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) sobre pagamentos irregulares em contratos administrativos. A operação, que resultou na prisão de altos servidores da pasta, busca apurar desvios financeiros, incluindo a realização de pagamentos fora dos canais oficiais e sem registro na contabilidade pública. A investigação também apura o direcionamento de recursos a determinadas empresas, violando o princípio da impessoalidade e a ordem cronológica de pagamentos, conforme estabelece a Lei de Licitações. O MP-GO destaca que o esquema teria agravado a crise na saúde pública local, afetando gravemente a prestação de serviços essenciais, como atendimentos em hospitais e procedimentos médicos.
A crise na saúde de Goiânia é descrita como severa, com falta de leitos de UTI e restrições a tratamentos essenciais. A dívida com instituições como a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) ultrapassa R$ 300 milhões, e a falta de pagamento a fornecedores essenciais resultou em suspensão de serviços, como cirurgias e atendimentos de emergência. O MP também aponta que a gestão pública não tem cumprido ordens judiciais, agravando a situação da rede hospitalar. Além disso, pelo menos cinco pessoas morreram recentemente enquanto aguardavam por leitos de UTI na cidade, evidenciando a gravidade da falta de assistência médica.
Em resposta à crise, a Prefeitura de Goiânia anunciou a nomeação de novos responsáveis pela Secretaria de Saúde, com a intenção de restaurar a administração e sanar as irregularidades encontradas. A nova gestão será liderada por profissionais com experiência na área da saúde, e a prefeitura se comprometeu a colaborar com as investigações do MP. A ação também inclui o acompanhamento da possível omissão de provas e orientações para que testemunhas se mantivessem em silêncio, o que motivou o pedido de prisão temporária de alguns dos envolvidos.