A Operação Ultima Ratio, conduzida pela Polícia Federal, investiga magistrados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul suspeitos de envolvimento em um esquema de venda de decisões judiciais. De acordo com as investigações, os desembargadores e seus filhos, muitos deles advogados, mantinham relações estreitas que se estendiam para além do ambiente profissional, incluindo encontros informais, como churrascos e viagens. A Polícia Federal encontrou registros de interações entre esses indivíduos que indicam um possível conluio para a negociação de sentenças favoráveis em processos judiciais.
Entre os elementos investigados, há indícios de que os filhos dos desembargadores atuavam como intermediários, facilitando a venda das decisões, enquanto os magistrados em questão favoreciam os interesses profissionais de seus familiares. A PF identificou pelo menos dez casos em que os desembargadores teriam beneficiado os escritórios de advocacia de seus filhos ou de colegas. Além disso, a investigação sugere que os desembargadores poderiam ter formado um pacto informal para emitir decisões favoráveis de forma cruzada, visando beneficiar os advogados familiares.
O Tribunal de Justiça do estado afirmou que os fatos continuam sendo apurados e que, até o momento, não há qualquer definição sobre a culpabilidade dos envolvidos. A Polícia Federal segue examinando a possível prática de associação criminosa, enquanto os investigados não responderam aos contatos feitos pela reportagem. A investigação ainda está em andamento, e as autoridades buscam esclarecer a extensão do esquema e suas ramificações dentro do sistema judiciário estadual.