Um dos maiores fotojornalistas do Brasil, Evandro Teixeira, faleceu aos 88 anos, deixando um legado marcante de registros históricos. Ele documentou episódios cruciais, como o golpe militar de 1964 no Brasil e as manifestações contra a ditadura militar na década de 1960, além de captar imagens da repressão durante a missa de sétimo dia de Edson Luís, a Passeata dos Cem Mil, e a Sexta-feira Sangrenta. Em suas narrativas, Evandro relembra os desafios e estratégias para driblar a censura e proteger seus registros, que revelaram a tensão política da época.
O trabalho de Evandro foi além das fronteiras nacionais, destacando sua atuação em eventos significativos no Chile em 1973, logo após o golpe militar que derrubou Salvador Allende. Ele conseguiu entrar discretamente no Estádio Nacional e capturou imagens de presos políticos, além de ser o único a fotografar Pablo Neruda após sua morte. Com coragem e astúcia, registrou também o cortejo fúnebre do poeta, evidenciando a comoção popular em meio à repressão do regime de Augusto Pinochet.
Teixeira compartilhou memórias de suas coberturas, como o uso do nome de Jorge Amado para ganhar a confiança da viúva de Neruda e a emoção ao documentar o enterro do poeta. Seu trabalho não apenas expôs a realidade política de diversos momentos históricos, mas também marcou sua trajetória como um defensor da memória coletiva e da verdade jornalística.