Nos últimos anos, os diagnósticos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) têm aumentado significativamente, com estudos indicando uma prevalência crescente em crianças e adolescentes. Esse fenômeno pode ser atribuído a uma combinação de fatores, como maior conscientização dos profissionais, redução do estigma e avanços nas práticas diagnósticas. Hoje, médicos adotam abordagens mais abrangentes, considerando múltiplos diagnósticos em um mesmo indivíduo, o que amplia o reconhecimento de condições antes negligenciadas, especialmente entre meninas, mulheres e adultos.
A sociedade moderna, com suas demandas cognitivas intensas e padrões elevados de desempenho, também contribui para esse cenário. Mudanças no ambiente escolar, como a digitalização e métodos de ensino mais autodirigidos, têm desafiado alunos com dificuldades de atenção, levando a um aumento de encaminhamentos para avaliação. Além disso, a pressão para obter diagnósticos é intensificada pela forma como o acesso a recursos e suporte é estruturado, frequentemente exigindo um diagnóstico formal como requisito para assistência.
Políticas públicas têm buscado reduzir os tempos de espera para diagnósticos, facilitando o acesso a avaliações médicas, mas também levantam questões sobre a dependência de diagnósticos clínicos para garantir suporte. Essa prática, embora necessária em muitos casos, pode incentivar a busca por diagnósticos em situações menos claras. O aumento no reconhecimento do TDAH reflete tanto as mudanças sociais e culturais quanto as lacunas no suporte a indivíduos neurodivergentes fora do sistema clínico formal.