A aprovação de medidas pró-aborto em sete estados dos EUA nas últimas eleições reflete um forte apoio ao direito ao aborto, mas o acesso real a esse serviço não deve mudar imediatamente. Estados como Colorado, Maryland, Montana, Nevada e Nova York já contam com o aborto legalizado, e as novas medidas reforçam esse direito ao adicioná-lo às constituições estaduais. No Arizona e Missouri, onde o acesso é mais restrito, as novas iniciativas permitirão que o aborto seja permitido até a viabilidade fetal, entre 22 e 24 semanas de gestação, aumentando o tempo legal para o procedimento.
No entanto, os impactos práticos dessas novas proteções constitucionais serão lentos. Leis pré-existentes em estados que ainda restringem o aborto podem exigir processos judiciais para serem derrubadas, de acordo com especialistas do Instituto Guttmacher. No Missouri, a Federação de Paternidade Planejada já iniciou ações legais para restaurar o acesso ao aborto, mas os especialistas alertam que a criação de infraestrutura e recursos para um acesso ampliado demandará tempo e investimentos.
Apesar das mudanças nos estados mencionados, amplas restrições ao aborto permanecem em vigor em outras regiões dos EUA. Cerca de 40% das mulheres em idade reprodutiva continuam vivendo em locais onde o aborto é proibido ou severamente restrito, o que limita o impacto das novas medidas eleitorais no contexto nacional. Assim, mesmo com a inclusão dos direitos ao aborto em constituições estaduais, o acesso pleno continua dependendo de uma batalha judicial e da criação de novos recursos e estruturas de apoio em estados onde o procedimento enfrenta barreiras significativas.