A pesca artesanal no Brasil reflete a transmissão de saberes ancestrais, mas também enfrenta desafios históricos e sociais que ameaçam sua continuidade. Em regiões como a Praia de Macau (RN), pescadores lidam com vulnerabilidades econômicas e conflitos territoriais, enquanto mudanças climáticas têm reduzido a abundância de espécies antes comuns. Além disso, tragédias pessoais, como a perda de entes queridos, mostram os perigos associados à busca pelo sustento em condições precárias e desprotegidas.
Problemas ambientais, como poluição e eventos climáticos extremos, intensificam a vulnerabilidade de pescadores em diferentes estados. No Rio Grande do Sul, enchentes destruíram infraestruturas e dificultaram o acesso a áreas de pesca, enquanto no Rio São Francisco, a poluição ameaça espécies importantes para o sustento das comunidades quilombolas. A Pastoral dos Pescadores destaca a necessidade de apoio para minimizar desigualdades e promover a preservação ambiental, enquanto trabalhadores relatam ameaças e conflitos devido a sua atuação na proteção dos recursos naturais.
O governo federal busca implementar políticas públicas por meio do programa Povos da Pesca Artesanal, com ações integradas de apoio às comunidades. Iniciativas incluem bolsas de estudo para jovens pescadores, fortalecimento da cadeia produtiva e combate ao racismo ambiental. No entanto, o déficit histórico de políticas públicas ainda é um grande desafio, especialmente para os cerca de 1,2 milhão de trabalhadores, em sua maioria concentrados no Norte e Nordeste do país, que dependem da pesca artesanal para sobreviver.