Após as eleições de 2024, uma análise demográfica aprofundada dos votos revela um cenário de transformação nos Estados Unidos. O alinhamento automático de certos grupos sociais e étnicos com os partidos, historicamente visto nas eleições americanas, está enfraquecendo. Eleitores antes considerados homogêneos passaram a priorizar interesses familiares e comunitários, destacando variações nos votos por sexo e etnia. Enquanto Kamala Harris obteve a maioria dos votos femininos, Donald Trump ampliou sua margem entre os homens, especialmente entre os negros e latinos, o que pode ser determinante em estados pêndulo.
A análise por etnias indica que, apesar do apoio majoritário dos afro-americanos a Harris, houve um pequeno aumento no apoio a Trump em relação ao ciclo anterior. Entre os latinos e hispânicos, o republicano reduziu significativamente a diferença que o separava dos democratas, com destaque para a votação expressiva na Flórida. Já a análise etária mostra Harris à frente entre os jovens, enquanto Trump se sobressaiu entre eleitores mais velhos, refletindo um descolamento da tradicional base jovem dos democratas, impactada pelas dificuldades econômicas recentes.
Esses dados refletem uma mudança estratégica na abordagem republicana, que ampliou sua base em áreas cruciais e alcançou novos grupos. Por outro lado, o distanciamento dos democratas de suas bases históricas, como trabalhadores e minorias, expõe um desafio para o partido, que enfrenta críticas por se aproximar das elites. O cenário econômico e a preocupação com o custo de vida emergem como questões centrais, mudando o paradigma eleitoral e político dos EUA, com implicações profundas para o futuro dos dois partidos.