O número de mortes cometidas por policiais militares em São Paulo registrou um aumento de 46% em 2024, em comparação ao ano anterior, segundo dados do Ministério Público. Entre janeiro e 17 de novembro deste ano, 673 pessoas foram mortas, sendo 577 por policiais em serviço e 96 fora de serviço. Este é o segundo ano consecutivo de alta, em contraste com 2022, quando o estado atingiu a menor taxa histórica de mortes em intervenções policiais, associada à ampliação do uso de câmeras corporais que gravavam ininterruptamente.
A atual gestão estadual optou por um modelo de câmeras corporais que grava apenas sob ativação manual, o que tem gerado preocupações entre especialistas sobre possíveis prejuízos para a apuração de casos de violência policial. A flexibilização no uso das câmeras também levanta questionamentos sobre o impacto na segurança dos agentes e na produção de provas em investigações. A mudança ocorre em um cenário de operações policiais que já figuram entre as mais letais das últimas décadas.
Um episódio recente, envolvendo a morte de um estudante em São Paulo, evidenciou o debate sobre o uso das câmeras e a necessidade de maior controle e transparência. O caso gerou ampla repercussão, levando o Supremo Tribunal Federal a cobrar explicações do governo paulista sobre os novos dispositivos. A Secretaria da Segurança Pública afirmou que todas as mortes decorrentes de intervenções policiais são rigorosamente investigadas, com monitoramento de órgãos competentes e constantes atualizações no treinamento dos policiais.