O bispo emérito Dom José Luís Azcona Hermoso, reconhecido por sua atuação no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes na Ilha de Marajó, faleceu aos 84 anos em Belém (PA). Ele estava internado desde outubro em um hospital particular, onde recebia cuidados paliativos após complicações de um câncer diagnosticado em junho. Segundo os médicos, o quadro do religioso era irreversível, apresentando obstrução intestinal maligna e outras complicações graves. A Prelazia do Marajó lamentou a perda em nota oficial, destacando sua dedicação à defesa dos direitos humanos.
Dom Azcona dedicou sua vida à Igreja e, por mais de 30 anos no Pará, denunciou casos de exploração infantil no Arquipélago do Marajó, incluindo situações de crianças em contextos de vulnerabilidade. Sua atuação foi fundamental para a criação da CPI da Pedofilia em níveis estadual e nacional, marcando sua trajetória como defensor das populações mais vulneráveis. Em 2008, o bispo foi listado entre as lideranças católicas ameaçadas de morte no estado, em função de suas denúncias e trabalho social.
Apesar de sua atuação amplamente reconhecida, a Nunciatura Apostólica pediu recentemente que Dom Azcona deixasse a região, sem fornecer justificativas, causando indignação entre moradores do Marajó. Seu velório ocorrerá na mesma região onde dedicou sua vida, com local ainda a ser confirmado. A morte do bispo encerra uma trajetória marcada por coragem e comprometimento com a justiça social e os direitos das crianças.