O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre os efeitos da postura antiglobalização adotada pelos Estados Unidos após a vitória de Donald Trump nas eleições. Em entrevista à CNBC, Haddad destacou que a mudança de postura dos EUA, que antes impulsionaram a globalização nos anos 80, tem gerado consequências sociais negativas, como a deportação de trabalhadores e a taxação de importações. Ele também mencionou as isenções fiscais para os super-ricos, afirmando que esse cenário ocorre em um contexto de déficit público elevado e uma inflação controlada, mas ainda preocupante.
Haddad fez uma análise crítica da abordagem atual dos Estados Unidos, destacando que, enquanto o país foi um dos principais patrocinadores da globalização, a ascensão de novos atores econômicos, especialmente a China, alterou o equilíbrio global. Para o ministro, a postura de Trump representa um retrocesso em relação aos princípios que o país defendia anteriormente e pode agravar desigualdades sociais. No entanto, ele ressaltou que ainda é cedo para prever quais serão as medidas concretas que o Brasil tomará em resposta a essas mudanças, especialmente com relação às promessas de taxação de importações.
Apesar dos temores gerados pela retórica de Trump durante a campanha, Haddad acredita que a realidade política e econômica tende a moderar algumas das propostas mais extremas. O ministro apontou que, assim como o projeto do muro entre os Estados Unidos e o México, algumas promessas de campanha podem não se concretizar da mesma forma após a vitória. Ele reiterou que o Brasil adotará uma postura pragmática e concreta nas negociações e ações, acompanhando as medidas que efetivamente forem implementadas.