No Brasil, menos da metade das crianças de até três anos em situação de vulnerabilidade têm acesso à creche, deixando aproximadamente 2,6 milhões de fora desse serviço essencial para o desenvolvimento infantil. Dos 4,5 milhões de crianças que deveriam ter o direito à creche priorizado, apenas 1,9 milhão conseguem vaga, o que representa 43% do total. Entre as crianças em situação de pobreza, 71,1% estão fora da creche, destacando a disparidade social e o déficit no acesso à educação infantil.
A pesquisa da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal revela que, entre as razões para a falta de matrícula, 56% das famílias optam por não colocar seus filhos na creche, enquanto outros 17% enfrentam barreiras como a falta de vagas ou a inexistência de creches nas proximidades. Esse cenário é agravado pela falta de oferta adequada por parte do poder público, que deve expandir as vagas por meio da construção de novas unidades ou parcerias com o setor sem fins lucrativos, conforme recomendações do estudo. A cidade de São Paulo se destaca com o maior percentual de crianças atendidas, enquanto estados como Roraima apresentam o maior índice de crianças fora da creche.
Apesar de a educação infantil não ser obrigatória para crianças de 0 a 3 anos, o Supremo Tribunal Federal reforçou a necessidade de ampliar a oferta de creches, incluindo essa etapa como um direito garantido. Com o Plano Nacional de Educação estabelecendo a meta de 50% de crianças de até 3 anos matriculadas até 2025, o país precisa avançar dos atuais 37,3% para cumprir essa obrigação legal, que visa não só garantir o cuidado infantil, mas também estimular o desenvolvimento cognitivo e social desde os primeiros anos de vida.