O ex-presidente Michel Temer fez uma crítica à nova regra fiscal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua participação na Lide Brazil Conference, em Lisboa. Temer comparou o teto de gastos de sua gestão a uma estrutura sólida de concreto, enquanto o novo arcabouço fiscal, elaborado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seria, em sua visão, mais frágil, como uma estrutura de palha. Ele argumentou que, embora a ideia do teto seja a mesma – controlar a dívida pública e os juros – as mudanças no modelo atual, como o reajuste pela inflação mais um percentual da receita líquida, enfraquecem a rigidez da política fiscal.
O ex-presidente explicou que, no seu governo, o teto de gastos era simples e fixado pela inflação do ano anterior, enquanto o novo modelo apresenta ajustes adicionais, o que, segundo ele, pode gerar incertezas sobre a eficácia da política fiscal. Para Temer, essa modificação coloca em risco a estabilidade fiscal e pode dificultar o controle da dívida pública, embora reconheça que a ideia de limitar os gastos, de forma geral, ainda esteja presente.
Além disso, Temer abordou a relação com o Congresso e ressaltou a importância da articulação política para o sucesso de um governo. Ele afirmou que, no seu mandato, trabalhou em parceria com o Legislativo, destacando que a governabilidade depende da colaboração entre o Executivo e o Congresso Nacional. Segundo ele, a ideia de que o presidente pode governar sozinho é equivocada, e sem o apoio dos parlamentares, o governo não consegue avançar nas suas propostas.