O Ibovespa iniciou o dia com uma queda acentuada, passando da faixa dos 127 mil para os 126 mil pontos, refletindo a preocupação do mercado com a piora na percepção fiscal após o anúncio do governo sobre o pacote de corte de despesas. O pacote, detalhado na manhã de quinta-feira (28), tem um impacto estimado de R$ 71,9 bilhões entre 2025 e 2026 e pode gerar até R$ 327 bilhões em economia até 2030. No entanto, o mercado demonstrou insatisfação, especialmente devido à isenção de imposto de renda para salários de até R$ 5 mil, o que foi interpretado por alguns analistas como uma medida que pode enfraquecer a responsabilidade fiscal do governo.
Apesar da confirmação de um valor de economia dentro das expectativas, o pacote fiscal gerou frustração, especialmente por conta de algumas medidas consideradas pouco robustas. A redução de benefícios como o seguro-desemprego e o abono salarial foi vista como diluída, enquanto a isenção do imposto de renda surpreendeu negativamente os investidores. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, justificou a renúncia fiscal, mas apontou que a taxação dos mais ricos não seria suficiente para cobrir completamente essa perda de receita, o que levou à proposta de mudanças na tributação de aposentados.
As reações no mercado foram mistas, com destaque para a queda nas ações ligadas ao mercado de commodities, apesar de algumas elevações em grandes empresas como Vale e Petrobras. O dólar futuro, que chegou a ultrapassar os R$ 6,00, perdeu força, assim como os juros futuros, enquanto investidores aguardam mais detalhes sobre a implementação das medidas. A falta de clareza e a percepção de que o pacote fiscal poderia ter sido mais forte contribuíram para o clima de cautela, refletido na queda do Ibovespa e na reação negativa do mercado a um pacote fiscal que não correspondeu completamente às expectativas.