O comércio clandestino de tarântulas no Brasil tem crescido significativamente, movimentando milhões de reais, com vendas realizadas por meio de redes sociais e até rifas, onde algumas espécies podem ser comercializadas por até R$ 1,2 mil. Esse mercado ilegal é impulsionado pela baixa fiscalização e pela facilidade de acesso a esses animais, principalmente em grupos fechados de Facebook e WhatsApp, onde os participantes discutem a criação e comercialização de aranhas. Apesar de a prática ser considerada criminosa, com penas que incluem multas e detenção, muitos colecionadores e criadores desconsideram as implicações legais e continuam a comercializar espécies de forma irregular.
Especialistas e organizações ambientais destacam os impactos negativos dessa prática, que inclui o desequilíbrio ecológico causado pela remoção de aranhas do seu habitat natural. As tarântulas desempenham um papel fundamental no controle de outras populações de animais, e sua coleta indiscriminada pode levar à extinção local. Além disso, há uma crescente preocupação com a criação de animais silvestres em cativeiro, um processo que exige conhecimento técnico especializado para evitar maus-tratos e garantir a preservação das espécies. A falta de rastreabilidade e a dificuldade em identificar a origem legal dos animais complicam ainda mais a fiscalização.
Embora existam iniciativas para regularizar a criação de aranhas em criadouros licenciados, como no caso da Reserva Dracaena, onde foi autorizada a reprodução e venda legal de aracnídeos, a controvérsia persiste. Para muitos, a criação comercial de animais silvestres representa uma oportunidade de conservação, mas há quem veja riscos relacionados à fuga de animais, à introdução de espécies exóticas e à facilitação do tráfico ilegal. O debate sobre a regulamentação e os impactos dessa prática continua a ser uma questão complexa, dividindo especialistas e técnicos no Brasil.